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O movimento cíclico de "A caixa"

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Os personagens Arthur Lewis (James Marsden) e Norma Lewis (Cameron Diaz)

O filme "A caixa" (The Box, 2009, EUA), interpretado por Cameron dias num papel bem diferenciado do restante de sua carreira no cinema, é um verdadeiro quebra-cabeças. O longa é uma refilmagem do curta-metragem “Buton, Buton” feito em 1986 para a série de TV "Além da Imaginação”. Podemos interpretar a história como um círculo vicioso. Os protagonistas aceitam apertar o botão sem dimensionar que, em troca, alguém tem que ser sacrificado. Eles não acreditam que isso seja verdade até que realmente se dão conta de que aconteceu. E, como castigo, o mesmo que foi feito a outro que apertou o botão acontece a eles: a mulher é sacrificada porque alguém apertou novamente o botão. Mas, isso é quase uma coincidência, porque o momento em que o casal decide sacrificar a esposa pelo bem do filho é simultâneo ao momento que outro casal aperta o botão. Ou seja, existiam duas razões para a mulher ser sacrificada.
A lentidão da narrativa foi proposital para criar o clima de suspense. Entenda-se suspense como algo além daquilo que assusta o espectador. É também o clima de agonia e inquietação, é a busca por explicações, por respostas e estas não são dadas no filme. Isso frustra os espectadores que querem um final feliz e uma explicação para tudo. Essa necessidade é herança dos gregos, mais especificamente da poética de Aristóteles que propõe início, meio e fim à narrativa. Isso foi abandonado no teatro antes mesmo do cinema existir. Na literatura, Franz Kafka também mostrou que não era necessário e isso foi entre o final do século XIX e o início do século XX. Muitos não suportam ver o filme porque vivemos numa era de imediatismo e o filme tem a mesma construção de obras clássicas que valorizam o "tempo morto" e ações demoradas a fim de provocar a mesma sensação dos personagens ante a angústia de não saber o que fazer ou se sentir "ilhado".

Obs.: Eu escrevi esse texto em 15/06/2010 para a sessão de comentários do site www.adorocinema.com.br. Eu retirei alguns trechos e acrescentei outros para postá-lo aqui no blog.

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