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Cinco dicas para quem quer estudar fora

Há uma vasta gama de informações espalhadas na web sobre estudos no exterior. Esse é o problema: elas estão ESPALHADAS! Como vários miguxes estão sempre pedindo dicas, resolvi condensar aqui "o caminho das pedras". 

ATENÇÃO: PARE e, somente depois de ler tudo, SIGA

Não confunda um acordo de cooperação educacional com uma formação completa no exterior. O intercâmbio é um processo feito pelo setor de Relações Internacionais (RI) da universidade brasileira em que o estudante já está matriculado em parceria com uma universidade estrangeira. Existe intercâmbio sem necessidade de uma matrícula em convênio, mas essa opção não é recomendada porque você não pode aproveitar as disciplinas cursadas no exterior. Isso faz com que você fique atrasado no seu curso atual e tenha um histórico escolar sem valor acadêmico no seu país.

Embora seja relevante para seu currículo profissional, pois a experiência do intercâmbio serve como bagagem cultural, ela precisa trazer algumas vantagens acadêmicas também. Então, é sempre bom fazer tudo conforme "manda o figurino".

Para pedir equivalência das disciplinas, é necessário trazer consigo o programa de cada disciplina que você cursou fora. Você precisará pedir esses papéis (assinados e carimbados) na universidade estrangeira. Após estudar um semestre em Portugal, eu obtive dispensa de seis disciplinas. Ou seja, não tive que estudar seis matérias no Brasil porque elas tinham a mesma grade curricular das cursadas em Portugal.  
A graduação (ou pós-graduação) sanduíche também é um processo feito pela universidade em que o aluno já está matriculado. Esse opção te permite estudar um ou dois anos fora e obter dois diplomas: um de curso no exterior e outra de curso realizado no Brasil. Tanto para o intercâmbio quanto para a formação sanduíche há um acompanhamento do corpo docente que trabalha no setor de RI da universidade. Esses duas modalidades são bem simples, quase sempre exigem apenas um excelente rendimento acadêmico. O aluno interessado em uma destas duas alternativas deve entrar em contato com esse setor. Esclarecidos esses pontos, vamos focar os próximos tópicos no passo-a-passo para tentar uma graduação ou pós-graduação completa em terras estrangeiras. 

1- Bolsas e editais

Primeiro de tudo, você se informe sobre todas as oportunidades de estudos para brasileiros e naturalizados brasileiros. Frequentemente, um site maravilhoso deixa de existir, mas esses dois aqui duvido muito que sumam da rede, se sumirem prometo atualizar esse post com outros dois lindos: https://partiuintercambio.org/ e https://www.estudarfora.org.br/. Eu sugiro que você siga as redes sociais dessa galera para não perder nenhuma novidade. O Estudar Fora e o Partiu Intercâmbio têm várias dicas para produção do personal statement ou essay (textos importantíssimos para admissão), ou para como se sair bem na entrevista por Skype. 

2- Tradução de histórico e diploma

Não se pode tentar graduação sem ter concluído o ensino médio, ou mestrado (ou doutorado) sem ter concluído a graduação. Se você já tem em mente o país no qual deseja estudar, saiba que certamente você terá que traduzir para o idioma correspondente seu histórico do ensino médio, caso você queira fazer graduação; ou seu histórico de graduação, mestrado ou doutorado, caso queira fazer uma pós graduação. Pergunte a banca examinadora se é possível enviar os originais via correios após a confirmação do resultado da seleção. Assim, você solicita ao tradutor apenas uma via desse documento. Até porque se você for enviar um original para cada universidade que você está aplicando, você vai gastar uma boa grana só com transcrições e postagens.
Aproveitando, aconselho você a postar nos correios como Express Mail Service (EMS). Esse é o único serviço que permite o rastreio fora dos limites territoriais brasileiros e  garante a chegada em tempo hábil, além de reduzir (e muito) as chances de extravio. Muitas universidades aceitam o envio de cópias digitalizadas das traduções para o processo seletivo. Não faça aquela digitalização em P&B toda torta. Senso, por favor! E nem adianta pedir aquele amigo que "manja muito dos inglês" para traduzir. Tem que ser um tradutor juramentado. Você pode obter informações sobre esses profissionais na Junta Comercial do seu município/estado. Além da Junta, tem as associações locais que disponibilizam o contato de dezenas de tradutores públicos na internet. Segue algumas que encontrei na rede:
Faço votos para que, em 2019, a Federação Nacional das Juntas Comerciais (FENAJU) reúna todos os contatos em um só lugar e para que o Sindicato Nacional dos Tradutores (SINTRAB) coloque um sistema de busca funcional. Por ora, você vai ter que "dar um google" nos estados que não estão na lista acima, encontrar o telefone da junta mais próximo de você para solicitar o contato de um tradutor.

3. Testes Internacionais de Proficiência

Depois de decidir qual (ou quais) universidade(s) quer tentar admissão, você deve buscar no site da instituição a aba do menu que fala em admissão de estudantes internacionais. Lá você encontrará informações sobre o nível de conhecimento do idioma necessário e quais os testes internacionais são aceitos no processo seletivo. Segue a lista dos principais testes de idiomas solicitados (link na sigla):
  • Alemão:  Test Deutsch als Fremdsprache (TestDaf) que pode ser aplicado pelo Instituto Goethe;
  • Chinês:  Hanyu Shuiping Kaoshi (HSK).
  • Espanhol: Diploma de Espanhol como Língua Estrangeira (DELE); 
  • Francês: Diploma de Estudos em Língua Francesa (DELF) e Diploma de Aprofundamento em Língua Francesa (DALF);
  • Inglês: Test of English as a Foreign Language (TOEFL) ou International English Language Testing System (IELTS), mas algumas aceitam também o Cambridge English Exam (CAE);  
  • Italiano: Certificado de Conhecimento de Língua Italiana (Celi).
  • Japonês: Japanese-Language Proficiency Test (JLPT).
  • Outros testes: dependendo do curso, as universidades pedirão outros testes para provar suas capacidades matemáticas e lógicas ou conhecimentos gerais, como o Graduate Record Examination (GRE) ou Graduate Management Admission (GMAT). 
Algumas instituições permitem admissão condicional. Essa alternativa não requer apresentação de comprovante de proficiência, mas exige que a pessoa faça um curso intensivo presencial do idioma dentro da Universidade. A admissão no graduação ou pós-graduação dependerá do desempenho obtido nesse curso. Esse intensivo dura de quatro a oito semanas. 

4. Visto

Foi aprovado, já tem o passaporte (se não, veja como adquirir aqui), a carta de aceite em mãos e bolsa de estudos garantida? Hora de agendar a retirada do visto! Assim como o passaporte, o visto necessita de agendamento prévio e você precisa pagar para ter sua foto carimbada. Dependendo do país de destino, esse boleto pode ser bem caro! O agendamento e o pagamento do visto costumam ser realizados diretamente no site do consulado ou embaixada do país em que você deseja estudar. Você acha esses contatos fácil nos sites de buscas, mas se por um acaso você tiver dificuldade, procure nesse site aqui: http://consulados.com.br/. Reserve pelo menos uns 30 dias para tratar desse assunto, pois encontrar um horário disponível para agendamento, obter os documentos necessários para a solicitação e aguardar a liberação do visto são processos bem demorados. Não deixe para a última hora. Jamais! Em relação a lista de documentos necessários, isso varia muito. Você precisa checar diretamente com o consulado ou embaixada em questão.

5. Seguro saúde

Alguns países exigem que você tenha seguro saúde para atravessar a fronteira. Em Cabo Verde, Itália e Portugal aceita-se o Certificado de Direito à Assistência Médica no Exterior (CDAM) que é gratuito e quase todos os cidadãos brasileiros podem solicitar ao Ministério da Saúde. Mais informações em: https://www.gov.br/pt-br/servicos/obter-certificado-de-direito-a-assistencia-medica. Para outros países, você terá que fazer um seguro particular em empresas como SulAmérica, Porto Seguro e Bradesco ou, se preferir, há os seguros viagens dos cartões de crédito, mas fique atento quanto aos tipos de atendimentos cobertos e aos períodos de renovação. Nos países em que não há exigência de seguro, eu super recomendo que você procure saber com antecedência qual é o documento exigido para cadastrar-se no sistema público de saúde. Ao chegar no destino, obtenha o tal documento nacional. Lembrando que os serviços públicos de saúde costumam ser pagos no exterior. E eu não estou falando de valores embutidos em impostos. 

No geral, basta atentar-se à obtenção da bolsa de estudos, aos custos adicionais e as questões burocráticas. Gasta-se tempo e dinheiro cuidando da documentação para seleção e para a viagem. Algumas pessoas preferem gastar um pouco mais pagando um agente de viagens para cuidar dos documentos. Particularmente, não vejo necessidade. Quase tudo hoje é possível resolver pela internet. Felizmente, no caso dos EUA, a Education USA abre anualmente o edital Oportunidades Acadêmicas para pessoas de baixa renda. Os contemplados têm todos os custos, incluindo os relacionados a vistos e tradução de diploma, pagos por eles. Saiba mais: http://educationusa.org.br/site/oa/.

Boa viagem a todos e muito sucesso!

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